segunda-feira, 9 de junho de 2014

PATRIOTISMO DE ACORDO


Não sei se estou certo pensando desta forma, mas, na verdade, não sei se estou certo pensando em qualquer coisa, “avali” nisto. Peguei-me refletindo sobre essa sensação pré-copa do mundo, colhendo dados e analisando-os: é o que faz todo ser humano. Alguns deles apresentam os resultados – esses são os escritores, músicos, ARTistas (ARTistas, viu? Outro dia, quem sabe, teço comentários acerca do meu conceito de ARTista), cientistas e outros tantos... Os que não apresentam os resultados nem por isso são menores. São mais desatentos os que apresentam resultados inabilitados. Lutarei para não cair neste último grupo!

A observação dessa sensação pré-copa tem me levado a discussões (lê-se ‘discussões’ no sentido de diálogo – como deveria ser em todas as ocorrências dessa palavra) interessantes com amigos de longa data e, surpreendente e alegremente, discussões com pessoas que quase nunca conversei. Um representante desses conhecidos com quem nunca trocara palavra antes, mas, na análise da seleção num amistoso e do país na preparação para a copa, revelou-me a inconformidade que ele sentia com o fato da “abextura” não ser no estádio ‘Cícero Pompeu de Toledo’. Sim, ele é são-paulino!

Com os velhos amigos novos e velhos, uma das discussões me fez pensar sobre o patriotismo desse período que precede o mundial. A comparação feita, canonicamente, é que, nos Estados Unidos da América do Norte Ocidental do globo, o patriotismo é expresso em bandeiras nas portas das casas de pessoas de qualquer classe social, as pessoas têm um sentimento de nacionalismo mais poderoso e mais explícito que na Terra Brasilis. O povo brasileiro, nação futebolística, só estende bandeiras, enfeita ruas, pinta a cara com as cores nacionais em períodos assim. Ok, tudo isso é fato, é dado. Mas vamos às minhas (singelas) análises...

Patriotismo não é igual a bandeira na porta de casa. “Gigante pela própria natureza” não é em virtude da quantidade de zeros no valor do Produto Interno Bruto do país. Riqueza cultural não é igual a democracia consolidada ou economia superpotente mundialmente. Povo sábio não é igual ao número de livros que ele lê.

Sou apaixonado por esse povo que grita gol bem alto, fica rouco na transmissão de um jogo da seleção, que fica louco numa disputa por penalidades, que se enrola na bandeira, que faz corrente, que bate na mesa quando o jogador faz besteira.

Esse patriotismo não é nem nunca vai ser menos digno que aquele lá da primeira (ou da que já foi) potência. Nosso povo põe coração onde nenhum outro no mundo sabe pôr. Nosso povo é que sabe o que é o amor pela nação. Se o instrumento usado para tal amor manifestar-se de quatro em quatro anos é o futebol, perdoem-me aqueles que não gostam desse momento, mas ninguém me tira da cabeça que amor que é amor não se põe em painéis grandes nos centros das cidades nem em postagens de redes sociais nem em bandeiras nas portas de casa.

Toda regra tem exceção (inclusive essa regra), mas meu povo é o maior porque sabe sofrer, sabe amar, sabe viver.

MINHA ESTRELA


Não vá, você é a minha estrela
E eu olho para o céu, você é a minha herança
Um amor que eu sonhei um amor que eu sempre quis.

Não vá! Não machuque a solidão
E eu olho para o céu,
Minha estrela, minha paixão

ALÉM


Há um peso que machuca o peito e rouba a paz que tanto procuramos manter.

Há um aperto no coração que nos rouba o ar e nos cega completamente impedindo-nos de perceber que o caminho não é só um.

Há um amálgama de sentimentos que desfaz o equilíbrio que toda alma necessita para continuar sem ter medo de se arriscar, de viver, de ser o que deve ser até o último suspiro.

Escolher respirar novos ares e entender melhor novos olhares é a melhor saída para descobrir o quê e quem nos faz bem.

Por mais difícil que seja desbravar o desconhecido e abandonar o conforto que lhe é comum, o fim do caminho percorrido tem grandes chances de ser o que tanto procura o que tanto atrai. 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

UM PODER


Sumiram os polivalentes! Poderosos amantes da arte do não-cansar-se-de-aprender-e-fazer. Não foram ao deserto meditar, tampouco à floresta, como ermitões cansados da vida cotidiana, que tanto difunde e impinge sucesso, retorno e outros mais inerentes (não ao capitalismo, mas...) ao ser humano em sociedade. Parei-me perguntando outro dia aonde foram e descobri onde eles estão: estão junto com todos os momentos/gestos/realidades que também já não se veem mais.

Da janela (“eu vejo a rua onde ela caminha todo dia...” [música show de bola {parêntesis dentro de parêntesis = operação matemática}]) vê-se qualquer coisa. Opa! Vê-se, não. Via-se! Hoje, de qualquer janela – seja a do carro, do ônibus, seja o espelho da motocicleta (uma janela pela qual se vê o que vai ficando pra trás [mas isso dá outra crônica, não a de hoje]) – não se vê mais qualquer coisa: a janela não nos mostra mais tanta diversidade, embora essa palavra tenha ganhado até bandeira composta por diversas cores.

As janelas nos acessam uma realidade monótona: veículos/pedestres indo numa direção; outros voltando na direção contrária; gente às portas das lojas indecidindo se entra ou não; gente às portas das lojas convidando (com uma pitada de “obrigação”) os indecisos das portas; gente no chão estendendo a mão... Enfim a realidade é sempre a mesma nas janelas das ruas. E nas de casa também...

As janelas de casa já não dão mais para a rua: os muros postam-se entre o espectador e o palco. O espectador não teria por que e provavelmente nem coragem de assistir à peça transeunte. Os transeuntes não têm mais por que (e nem coragem) de participar da peça que se passa na rua: o suspense é por demais intimidador, muito embora, quando a tragédia acontece, os veículos/pedestres param, olham... os ônibus ficam lotados de passageiros no lado da janela que mostra o trágico... “o bar mais perto depressa lotou, malandro junto com trabalhador...” (uma música de 1975 que parece falar de 2014).

Recorro à música novamente: “contra a tradição a contradição”! (“Clichê inédito”!)

Sempre há algo no meio do tudo ou no meio do nada que é diferente.

Nem tudo é inerte, José Newton!

Sempre há um que faz um todo pensar e recusar-se da participação na construção das prisões às quais encarceramo-nos a nós mesmos. Sempre há um que faz um todo rir e perceber que não é a graça da piada que faz rir, nem como foi contada, mas sim a forma como foi ouvida (isso se estende às declarações de amor). Sempre há um que, no ônibus, não se levanta para ver, da janela, o acidente que acontecera. Sempre há um que se recusa a aumentar o tamanho do seu muro e abre as portas do coração (já que nunca se fez coisa tão certa, não é Vinicius?!). Sempre há um que faz um todo parar e escapar da inércia. Sempre haverá um que faz um todo amar.


Onde estão os polivalentes e os gestos de bondade de humanidade e amor que não mais se veem?! Procure uma janela para encontrá-los... a janela mágica se chama espelho.

CANTO II


O que será?
O sinal do avesso?
Será se nada será?
Ou esse verso?

Foi um verbo...
Conjuguei muito antes
Foi impetro...

Foi um inverno.